Celebra-se este ano o centenário da estação de São Bento, inaugurado a 5 de Outubro de 1916 no coração do Porto, e considerada uma das estações ferroviárias mais bonitas do mundo, bem como um dos melhores monumentos a visitar no Porto.
Se quiser saber mais sobre as estações de comboios no Porto, leia esse nosso guia, que tem imensas informações úteis sobre as estações, os comboios, horários e bilhetes.
Pouca gente sabe a lenda do fantasma que ocupa a estação de São Bento, no Porto. Um fantasma doce e recatado, teimoso em vida e que, segundo a lenda, ainda percorre os corredores da estação de São Bento. Vamos recuar um pouco no tempo…
Até aos finais do século XIX existiu, precisamente no local da estação, o extinto convento Beneditino das Freiras de São Bento de Avé Maria. No ano de 1821, contava este convento, para além de 55 religiosas, com 105 membros de apoio (maioritariamente criadas).
Em 1834 sai o decreto de extinção das ordens religiosas em Portugal, façanha de Joaquim de António de Aguiar, mais conhecido por “mata frades”. Esse famoso decreto decretava a extinção imediata das ordens masculinas (e confiscação das suas propriedades), a proibição de que novas freiras professassem os seus votos e a extinção dos conventos por morte da última freira que lá residisse nesse ano.
Foram tempos de grandes dificuldades para as ordens religiosas femininas, encapsuladas num tempo que já não lhes pertencia. O convento de São Bento de Avé Maria não foi excepção, tendo vendido a maior parte das suas preciosas alfaias de prata em praça pública. O edifício desmoronava-se, que a vontade dos homens assim o ditava; e as abadessas foram morrendo, uma a uma.
A última abadessa, no entanto, morreu “apenas” em Maio de 1892 (mais de 58 anos após a extinção das ordens religiosas em Portugal, recordo!), abrindo então caminho para a construção da estação de São Bento.
Diz-se que, teimosa mas serenamente, o fantasma da última abadessa do extinto convento ainda hoje percorre os corredores da estação de São Bento, sendo ouvidas as suas rezas nos poucas horas mortas da estação, quando o ruído é menor. Mas apenas para os ouvidos mais atentos… que o Porto só se desvenda às almas pacientes 🙂