Chegou a época mais bonita do ano: as vindimas no Douro! Ponto fulcral da criação do vinho do Porto e do vinho do Douro, as esperanças de um ano de trabalho apanhadas em tons de uva.
A maior parte das pessoas tem uma ideia muito romântica do que são as vindimas no Douro; mas, embora seja uma época festiva, é também de labor intensivo, de muitas horas sem dormir – uns a trabalhar nos campos, outros a receber turistas nos centros de visita, outros atarefados na alquimia secreta dos sabores e aromas do vinho, nos laboratórios.
Por isso, fui à bela Quinta da Roêda, da marca Croft – que tem uma das melhores caves de vinho do Porto -, desvendar os segredos das vindimas para vocês. No final do artigo, têm as indicações para lá chegarem, bem os preços das suas actividades de enoturismo. Divirtam-se! 🙂
As vindimas na Quinta da Roêda
A apanha da uva é feita pelas “rogas”, que são equipas de homens e mulheres que se mudam de armas e bagagens para uma quinta, durante cerca de 20 dias, para as vindimas.
Os cachos de uvas são cortados, um a um, e depois colocados em em caixas que levam cerca de 20kg, e que os homens levam às costas (e as mulheres, geralmente, aos pares), até um camião.
Quando o camião está cheia de caixas e caixas de uvas, é levado para uma sala onde, numa esteira automática, as uvas são “passadas a pente fino”, manualmente, para retirar uvas estragadas, folhas, e outros elementos que não devem ser incluídos na produção do vinho. Tal é o cuidado colocado nas vindimas no Douro!
Depois, e em tratando-se de vinho do Porto, faz-se a pisa manual das uvas.
Logo na primeira noite em que as uvas foram apanhadas, faz-se o chamado “corte da uva”, em que durante cerca de 2h (ou mais, porque pode variar de quinta para quinta), os trabalhadores abraçam-se em filas e marcham metodicamente ao ritmo marcado por um trabalhador mais experiente: Um / Dois / Um / Dois / Esquerdo / Direito / Esquerdo / Direito.
É um trabalho das vindimas no Douro que requer atenção e minúcia, para garantir que todas as uvas são esmagadas, de forma a separar a polpa da película.
O vinho do Porto fermenta, em média, durante 3 dias, de forma a que mantenha ainda uma grande percentagem do seu açúcar natural. Assim, após o “corte da uva”, no segundo dia há meia dúzia de trabalhadores que, de vez em quando, vão para os lagares andar “livremente”, de forma a fazer com que as películas se vão misturando com o líquido, uma vez que são elas que dão, entre outras coisas, a cor e os taninos ao vinho.
No terceiro dia a fermentação já vai avançada e há uma grande libertação de CO2, pelo que os trabalhadores já não entram nos lagares, mas usam umas ferramentas de madeiras a que chamam, tradicionalmente, “macacos”, para continuar a misturar as películas com o líquido.
Curiosos? Então sugiro-vos que visitem o Centro de visitas da Quinta da Roêda, onde todas estas fotos foram tiradas, e que tem um centro de visitas muito espaçoso e onde serão muito bem recebidos.