A Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de 1925, em Paris, foi um ponto de viragem na arquitetura moderna.
A exposição é creditada pelo crescimento global da Art Deco, entre as Guerras Mundiais e imediatamente após o final da Segunda Guerra Mundial.
E, como em muitas outras cidades do mundo, o Porto não foi imune a essa influência arquitetónica. Latia o desejo pela novidade, especialmente depois da Primeira Guerra Mundial, pelo que muitos arquitetos portugueses de renome adoptaram a Art Deco e seu trabalho ainda hoje “está de pé”, sendo valorizado e protegido.
Neste artigo exploro os melhores exemplos de Art Deco no Porto. No entanto, este estilo arquitetónico não é exclusivo dos exemplos mencionados, existindo muitos outros edifícios que valem a pena ser explorados.
Eis os meus edifícios preferidos de Art Deco no Porto:
O Comércio do Porto (1930)
Avenida dos Aliados | Porto
Este belo edifício na Avenida dos Aliados foi a casa do jornal mais antigo de Portugal continental, o jornal “Comércio do Porto” viveu 151 anos antes de ser suspenso em 2005.
Não podemos falar de Art Deco no Porto sem mencionar Rogério de Azevedo, o arquiteto do edifício do jornal.
Ao conceber o edifício do Comércio do Porto, R. Azevedo levou em consideração os edifícios circundantes, existindo uma evidente harmonia entre todos. O arquiteto construiu muitos edifícios de Art Deco no Porto, incluindo um na Rua de Santa Catarina, 533.
Em 2016, soube-se que o edifício Comércio do Porto foi comprado por uma empresa imobiliária para se transformar em apartamentos de luxo. Os novos proprietários foram obrigados a preservar a estrutura original do edifício.
Como chega lár: a estação de metro dos Aliados fica mesmo em frente.
Caixa Geral de Depósitos (1931)
Avenida dos Aliados | Porto
Ainda na Avenida dos Aliados, fica o edifício do banco português Caixa Geral de Depósitos. O banco foi projetado por Porfírio Pardal Monteiro a partir de 1924. Para dar início ao projeto, vários prédios da mesma rua foram demolidos e o material foi colocado à venda.
Em 1931, uma revista de arquitectura descreveu o edifício como “uma modernização do clássico”. O exterior e o interior são grandes emblemas do Art Deco do século XX no Porto.
Como chegar lá: a estação de metro dos Aliados fica mesmo em frente.
Teatro Rivoli (1932)
Rua do Bonjardim, 143 | Porto
O Rivoli é um teatro municipal conhecido por incorporar a Art Deco no Porto. Em 1913, o edifício chamava-se Teatro Nacional. Mas, para acompanhar as muitas mudanças urbanas que ocorreram no Porto, o Teatro Rivoli foi transformado na obra-prima que vemos hoje. O arquiteto designado para o projeto foi Júlio de Brito (1923).
No final dos anos 90 o Rivoli passou por uma restauração completa. Passou, posteriormente, um período em que este “entregue à bicharada” (leia-se, aos espetáculos do La Feria). Felizmente, a gestão do Rivoli passou outra vez para a Câmara Municipal do Porto que, através de um jovem e competente diretor, hoje em dia apresenta uma programação diversificada e acessível de peças de dança, música, teatro, cinema, e de circo contemporâneo.
Como chegar lá: a estação de metro dos Aliados fica a 5 minutos a pé.
Farmácia Vitália (1933)
Praça Liberdade, 34 | Porto
Esta farmácia enorme está localizada na Praça da Liberdade e foi projetada por Amoroso Lopes e Manuel Marques – dois dos mais importantes arquitetos modernos do século XX. O edifício está dentro de um antigo palácio (Palácio das Cardosas), onde o InterContinental Porto – Palácio das Cardosas, um dos melhores hotéis de luxo do Porto, está situado.
A simetria, a simplicidade e o uso do vidro fazem desta farmácia um dos melhores exemplos de Art Deco no Porto. É também um dos muitos edifícios que a autarquia está empenhada em proteger.
Como chegar lá: a estação de metro São Bento fica a 5 minutos a pé.
Bolsa do Pescado (1935)
Alameda de Basílio Teles, 29 | Porto
Localizado mesmo em frente ao rio Douro, o Hotel Vincci Porto capta logo a atenção dos transeuntes. O hotel de 4 estrelas, classificado como um monumento histórico, era um mercado de peixe construído por Januário Godinho em 1933. Imagens de satélite mostram que o edifício é na realidade composto por dois edifícios que coexistem no mesmo espaço – uma inovação significativa na arquitectura do século XX. Após a sua conversão para um hotel, o edifício original foi completamente conservado.
(Nota: já fiquei hospedada no Hotel Vincci Porto e adorei a experiência – especialmente o farto café da manhã que inclui mesas temáticas! A que me chamou a atenção foi a”mesa saudável” com sementes, nozes e leites vegetais … tudo o que eu adoro! 🙂
Como chegar lá: apanhe o elétrico 1, é um passeio ribeirinho muito bonito! 🙂
Armazéns Cunhas (1936)
Praça de Gomes Teixeira, 14/22 | Porto
Bem em frente à Reitoria da Universidade do Porto, encontra os Armazéns Cunhas. O edifício com o seu “desenho” de um pavão imenso, tornou-se um favorito para muitas pessoas, especialmente crianças 🙂 O que é surpreendente neste edifício é o facto de ser constituído por três casas do século XVIII unidas.
A loja, juntamente com o Majestic Café e muitos outros, é protegida pela Câmara do Porto pelo seu valor tradicional. O edifício foi obra de Manuel Marques, que iniciou o projeto em 1933.
Como chegar lá: a estação de metro São Bento fica a 5 minutos a pé.
Coliseu do Porto (1941)
Rua de Passos Manuel, 137 | Porto
O Coliseu do Porto é simultaneamente um teatro e uma sala de concertos. Quando se trata de Art Deco no Porto, o Coliseu é incontornável. O projeto foi uma colaboração entre muitos arquitetos sendo o exterior icônico, no entanto, atribuído a Cassiano Branco, outro importante arquiteto modernista em Portugal.
O local onde o Coliseu reside é conhecido como o Salão Jardim Passos Manuel (1908), que serviu de cinema e foi o primeiro salão público local no Porto. O Coliseu foi tão bem sucedido que precisou de expansão. Assim, em 1938, começou a construção do Coliseu do Porto.
Em 1995, surgiram rumores de que o Coliseu do Porto iria ser vendido à Igreja Universal do Reino de Deus, o que incomodou imensamente os portuenses, que consideravam o edifício um monumento histórico e um símbolo da cultura portuense. (Quem, afinal, é que não se recorda de ver o Pedro Abrunhosa acorrentado às portas do Coliseu do Porto?!). Felizmente, a histeria coletiva resultou na feliz aquisição do Coliseu pela Câmara Municipal do Porto e por outras entidades públicas em 1996.
Como chegar lá: a estação de metro 24 de Agosto fica a 10 minutos a pé.
Casa de Serralves (1944)
Rua Dom João de Castro, 210 | Porto
O museu de Serralves é um dos 10 lugares incontornáveis para quem planeia visitar o Porto.
O edifício cor de rosa foi desenhado por Charles Siclis e implementado por José Marques da Silva. O dono original da quinta era o conde Carlos Alberto Cabral, que transformou a casa de veraneio da sua família num dos melhores exemplos da Art Deco no Porto. Em 1955, o edifício foi vendido a outro empresário português, Delfim Ferreira.
No entanto, o governo português comprou o imóvel em 1987 para transformá-lo num museu e proteger a herança do edifício. Mais tarde, o extraordinário arquiteto Álvaro Siza Vieira foi designado para converter o edifício num museu de arte contemporânea.
Como chegar lá: apanhe o metro até à estação Casa da Música e, daí, chame um Uber.