Embora São João não seja o Santo padroeiro do Porto, é sem dúvida a celebração mais importante do ano na cidade. De tal forma que já aqui expliquei, de forma detalhada, como celebrar a noite de São João no Porto como um local.
Nessa noite cumprimos tradições – o uso de alho porro e de martelos de plásticos, as sardinhas assadas, o lançamento de balões de ar quente, a construção de cascatas sanjoaninas – sem saber bem porquê.
Fica então aqui a explicação para o Top 5 Tradições de São João no Porto. Espero que goste 🙂
Sem tempo para ler o artigo todo? Aqui fica um resumo
- Melhores actividades: Se estiver no Porto para o São João, faça o Cruzeiro das 6 Pontes – é mesmo prazeroso nesta altura do ano! Outras actividades típicas a não perder são assistir a um espetáculo de Fado e visitar uma das caves de vinho do Porto (DE LONGE, as melhores são a Graham’s e a Cockburn’s). Se viajar com crianças, o espectáculo multimédia na Igreja dos Clérigos é uma óptima opção.
- Na noite de São João: junte-se às multidões nas ruas do Porto. Coma montes de sardinhas e entrecosto. Compre um martelinho e bata na cabeça de toda a gente que passar por si. Veja o fogo de artifício na ponte Luíz I. Dance com estranhos. E, lembre-se: use roupas confortáveis, SEMPRE!
As melhores tradições do São João no Porto:
Cumprimentar toda a gente com alho porro e martelos de plástico
Há três elementos cruciais no São João: a água, o fogo e as ervas aromáticas, sendo as mais importantes o manjericão, o alho porro e a erva-cidreira. O alho porro, em particular, simboliza a boa sorte.
Em meados do século XIX, havia três festividades distintas no São João no Porto (a da Lapa, adepta das ideias liberais de D. Pedro IV, a de Cedofeita, Miguelista, e a do Bonfim, que era Republicana). As pessoas moviam-se entre as diferentes festividades em grandes rusgas, apanhando alho-porro selvagem pelo caminho, e levando-o para casa. De seguida, colocavam-no atrás da porta da rua, para proteger a sua casa contra os maus espíritos durante todo o ano seguinte.
Para além disso, e tratando-se do século XIX (liberal, mas nem tanto!), o alho porro era usado pelos rapazes como forma de estabelecer contacto com as raparigas com quem se cruzavam durante as rusgas.
Mais recentemente, o alho porro foi destronado pelos populares martelos de plástico – mais práticos, reutilizáveis no ano seguinte e baratos, ficando-nos, do alho porro, a nostalgia de um tempo de namoro escondido 🙂
Lançar balões de ar quente
A festa de São João foi construída sobre os resquícios da festa pagã de celebração do solstício de Verão – símbolo de abundância das colheitas e da fertilidade -, estando inevitavelmente ligada ao culto do sol e do fogo, que aparece agora sob a forma de lançamento de balões de ar quente, fogo de artifício (ah! quão apaixonadas as discussões sobre qual o melhor fogo, se o do Porto, se o de Gaia…), e até fogueiras em locais públicos.
Para além disso, tem a beleza de ser um acto de grupo, em que todos contribuem entusiasticamente para acender o balão de São João. E que alegria, quando ele sobe e se torna um pontinho luminoso no céu, a nossa alegre marca na festa!
Comer sardinhas assadas
Segundo os historiadores, o anho, o cabrito assado com batatas, o pão quente e o café, tomado no momento de chegada das rusgas às Fontainhas, eram os alimentos típicos da noite de São João no Porto.
No entanto, e segundo o historiador Joel Cleto, há não tantos anos assim, um feirante terá trazido sardinhas que sobraram da Festa do Nosso Senhor de Matosinhos, que se realiza antes da de São João, grelhando-as nas Fontaínhas. O sucesso foi tal que tornou permanente o lugar da sardinhas nas festas sanjoaninas, para gaúdio dos portuenses 🙂
Construir as cascatas de São João
Segundo Germano Silva, existe um certo paralelismo entre o presépio da noite de Natal (próxima do solstício de Inverno) e as cascatas Sanjoaninas (que já vimos tratar-se de uma celebração do solstício de Verão).
A cascata, no entanto, representa, nas suas cores e formas tão diversas, “a vida de uma aldeia após a colheita, a gratidão pela abundância da vida”; misturada, aqui e ali, com elementos desta festa singular (por exemplo, estátuas das vendedoras de manjericos).
Diz-se mesmo que as Fontaínhas só se tornaram um local de passagem obrigatória na noite de São João quando, em 1869, um morador do bairro montou uma monumental cascata, oferecendo café a quem a fosse ver. As pessoas deslocaram-se em multidões para ver a bonita cascata (e tomar o seu café), tornando-se as Fontaínhas, um hot spot na noite de São João no Porto.
Dar mergulhos no mar (para os mais aventureiros)
A água existe, desde há centenas de anos, não só como elemento de pureza mas também como símbolo de fertilidade. Assim, durante a noite de São João era costume que as jovens senhoras rebolassem nas orvalhadas em Cedofeita (não esqueçamos que esta zona era bastante campestre), para aumentarem a sua fertilidade.
Pela mesma razão, um banho no rio Douro era também costumeiro, uma tradição que apenas os mais valentes continuam a manter – isso, e os mergulhos nas praias da Foz e de Matosinhos, já a noite vai bem adiantada! 🙂