Porque existem tantas andorinhas espalhadas no Porto?
Tour privado no Porto (meio dia)

Andorinhas, andorinhas… já o seu nome em sílabas florais me faz pensar nos primeiros dias da Primavera, quando o sol brilha timidamente por entre as telhas.
Nas minhas memórias de meninice, as andorinhas fundem-se nas manhãs passadas no passeio em frente a minha casa, a comer cerejas sonolentas, enquanto apreciava os vôos circulares destas aves.
Para além da sua presença primaveril, é bastante comum encontrar andorinhas cerâmicas penduradas nas paredes, quer de restaurantes quer de casas privadas. Povoam, também, as lojas e feiras de artesanato urbano, em diferentes formas, cores e tamanhos.
Terão algum significado especial, ou usamo-las apenas como decoração?
A história das andorinhas de cerâmica do Bordallo Pinheiro
As primeiras andorinhas cerâmicas apareceram em 1891 pelas mãos do famoso artesão português Bordallo Pinheiro, e foram rapidamente adoptadas pelo imaginário popular.
Aves migratórias que procuram fazer sempre o ninho no mesmo local, rapidamente se tornaram num símbolo de Casa e de Família; algo particularmente relevante, se pensarmos nas grandes vagas de emigração portuguesa do século XX. Por outro lado, são aves que acasalam com o mesmo companheiro durante toda uma vida, o que lhes acrescenta o simbolismo de Amor, Lealdade e Confiança.
Com uma carga simbólica tão poderosa, tornou-se comum a troca de andorinhas de cerâmica entre casais apaixonados, gesto de amor subtil quando a comunicação entre membros de sexo oposto não era tão fácil como hoje em dia. São também sinónimo de harmonia, felicidade e prosperidade nas casas onde se encontram pendurados.
Haverá, de facto, poucos objectos decorativos tipicamente portugueses de maior beleza e simplicidade, e eu sempre saúdo a sua presença, real ou cerâmica, com um sorriso protegido.
Onde comprar as andorinhas da Bordallo Pinheiro?
Se quiser comprar as originais, de Bordallo Pinheiro, podem fazê-lo n’A Vida Portuguesa, uma famosa loja em Portugal que só vende marcas portuguesas de tudo e mais alguma coisa, desde têxteis, jogos para crianças, objectos de decoração, etc.
Também pode comprar as andorinhas de cerâmica directamente no website da Bordallo Pinheiro.
Guarde este artigo para mais tarde:


Olá Sara!…
Parabéns por mais este magnifico post, seu conteúdo e investigação.
E mais, por me ter acrescentado algo à historia das andorinhas e seu culto no n/ país, que eu ainda desconhecia.
Assim que li o seu titulo de imediato me veio à ideia, as andorinhas da Catarina Portas, e o seu trabalho de repescagem e valorização do espolio perdido de Bordallo Pinheiro que continua a servir como imagem de marca da vida portuguesa, e de muitos portugueses, e não só…
E depois como diz a letra de um fado, também bem português: – pois por morrer uma andorinha não acaba a primavera!…
Não as deixemos fugir e muito menos morrer…
Muito obrigada, Bernardino, pelas suas gentis palavras! Efectivamente, pela sua carga simbólica, as nossas andorinhas revestem-se de “Portugalidade” e são o melhor presente que se pode levar na mala (ou na algibeira) de um emigrante! Um abraço, vá passando por este cantinho que procuro ter sempre conteúdos interessantes sobre o nosso Porto e Portugal.