A meu ver, Guimarães é a cidade mais bonita do distrito de Braga (e das cidades mais bonitas do Norte de Portugal) -, com as suas casas restauradas, um centro histórico lindíssimo (considerado Património da Humanidade) e algumas surpresas reservadas a um olhar atento.
Na semana passada tive o prazer de fazer lá uma tour privada maravilhosa, com um grupo dos Estados Unidos e de Israel, que serviu de pretexto para vos deixar aqui uma lista das melhores actividades para fazer em Guimarães 🙂
Estas são as melhores coisas para fazer em Guimarães:
Paço dos Duques de Bragança
O Paço dos Duques de Bragança foi construído em 1420 por Afonso, filho ilegítimo de D. João I, e futuro Duque de Bragança, sendo dos poucos palácios do género em Portugal.
Durante o século XVI foi radicalmente alterado pelo 2º Duque de Bragança, que procurou implementar um layout mais simétrico e uma organização funcional do espaço. No entanto, nos séculos seguintes foi abandonado e, mais tarde, ocupado pelo Exército durante as Invasões Napoleónicas.
Felizmente, em 1933 António Salazar, Presidente do Conselho de Ministros e, na prática, a figura central da longa ditadura portuguesa, visitou o Paço, em ruínas, ordenando a reconstrução do edifício. Em 1959, e após uma renovação bastante controversa do Paço dos Duques de Bragança, o edifício foi inaugurado e, finalmente, aberto ao público.
É um monumento lindíssimo que, embora não esteja restaurado segundo o seu estilo original, replica o que seria uma casa senhorial do século XVII. Por isso, visitá-lo é sem dúvida algo que deve fazer em Guimarães.
Preço do ingresso: 5€ (entrada livre no 1º domingo de cada mês e para crianças <12 anos)
Horário: Abertos todos os dias das 10h às 18h.
Estacionamento: Gratuito no Campo de S. Mamede.
Castelo de Guimarães
O imponente castelo de Guimarães foi mandado construir pela Condessa Mumadona Dias, a mulher mais poderosa do Noroeste da Península Ibérica no século X.
Mais tarde, o Conde D. Henrique, pai do futuro primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, ampliou o castelo e foi lá que nasceu o nosso bendito.
Apesar do castelo de Guimarães ter sido renovado aquando da renovação do Paço dos Duques de Bragança, durante anos foi vilipendiado, tendo existido mesmo uma petição, durante o século XVIII, para a sua demolição completa. Conseguem imaginar tal ignomínia, ao ver este castelo imponente na sua sobriedade?
Preço do ingresso: 2€ (entrada livre no 1º domingo de cada mês e para crianças <12 anos)
Horário: Abertos todos os dias das 10h às 18h.
Estacionamento: Gratuito no Campo de S. Mamede.
Igreja de São Miguel
É universalmente aceite que D. Afonso Henriques foi batizado na Igreja de São Miguel, datando a sua construção algures no século IX ou X, durante a era da Condessa Mumadona Dias.
No entanto, a igreja foi referenciada pela primeira vez apenas em 1216, num documento da Colegiada de Guimarães (muito após a morte de D. Afonso Henriques), tendo sido consagrada em 1239 pelo Arcebispo de Braga.
A decoração praticamente inexistente, a frescura da pedra e o silêncio absoluto tornam esta pequena Igreja uma paragem obrigatória na sua lista de coisas para fazer em Guimarães 🙂
Entrada livre
Horário: Abertos todos os dias das 10h às 18h.
Estacionamento: Gratuito no Campo de S. Mamede.
Largo da Oliveira
O Largo da Oliveira deve o seu nome a uma antiquíssima oliveira plantada em frente à (dantes denominada) Igreja de Santa Maria de Guimarães. Reza a lenda que a dita oliveira, que estava seca, voltou subitamente a dar frutos em 1342, quando um comerciante de Guimarães, Pero Esteves, mandou colocar aqui uma cruz normanda.
A população interpretou isso como um milagre a Santa Maria, e desde então esta praça passou a ser chamada de Largo da Oliveira, e a igreja de Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. A oliveira foi removida em 1870 contra a vontade popular, e só em 1985 foi plantada no mesmo lugar.
Na base de pedra, podemos ler os três anos mais importantes da história desta bela árvore: 1342, 1870 e 1985.
Era também aqui que se realizava um ritual grotesco contra a comunidade judaica de Guimarães, mas essa história fica para a próxima… 🙂
Zona de Couros
A Zona de Couros é um património cultural valiosíssimo de Guimarães. A arte medieval de trabalhar o couro vinha sendo desenvolvida em Guimarães desde tempos imemoriais, fora das muralhas da cidade, dado ser uma indústria bastante insalubre, poluente e malcheirosa.
Durante séculos, a matéria prima desta indústria eram as peles dos bovinos da região. Mais tarde vieram as peles do Brasil, Angola e Moçambique.
Era um negócio bastante rentável, tendo despertado o investimento de inúmeras pessoas de Guimarães, tornando-se uma atividade que muito contribuiu para a saúde económica da cidade e para o desenvolvimento de outras indústrias verticais, como a do calçado.
Em condições de trabalho precárias, os homens trabalhavam as peles em estruturas de granito semelhantes a tanques rasos no solo, que podem ver na foto da esquerda. As fotos da direita são antigas, e foram retiradas do website da Câmara Municipal de Guimarães, onde encontram mais informações sobre estas belíssimas estruturas, memórias graníticas de uma indústria medieval que se prolongou quase até aos dias de hoje.