Antes de começar a escrever este guia das tascas do Porto fui ao dicionário ver o que é, afinal, uma tasca. Numa altura em que as cidades vivem uma fase de descaracterização dos estabelecimentos tradicionais e uma vulgarização dos conceitos “gourmet” e “artesanal”, não me pareceu, não é de todo despropositado voltarmo-nos para a origem da palavra.
Ora “tasca” quer dizer:
- Estabelecimento modesto que vende bebidas e refeições.
- Baiuca, taberna.
- Bodega.
E é com este conceito em mente – e não o de tascas gourmet – que vos proponho numa viagem às tascas do Porto.
Estas são as melhores tascas do Porto:
Adega Viseu no Porto
Rua da Madeira, 212 | Porto
Há coisa de um ano descobri esta tasca do Porto, mesmo ao lado de São Bento, e desde então fiquei fã porque é um dos melhores restaurantes para comer bem e barato no Porto.
Todos os dias há um menú de almoço onde não faltam pratos tradicionais portugueses (o bacalhau, por exemplo, é recorrente). Mas eu nem sequer perco tempo com isso: vou diretamente ao balcão ver os petiscos do dia – rissóis, uns delicioooooosos bolinhos de bacalhau e polvo em molho verde e peço dois ou três pratinhos. Um papo seco e um fino a acompanhar e não preciso de mais nada na vida.
Como chegar lá: a estação de São Bento é do outro lado da rua.
Adega do Quim
Rua da Madeira, 226 | Porto
A Adega do Quim, mesmo ao lado da Adega Viseu no Porto, é das poucas tascas do Porto que abre de madrugada, para gáudio de quem acorda muito cedo (ou se deita muito tarde).
De facto, desde as seis da manhã podem encontrar deliciosas sandes de panado de porco, moelinhas fumegantes, croquetes e até bifanas. Por isso é o sítio ideal para ir buscar umas sandes antes de apanhar o comboio.
Como chegar lá: a estação de São Bento é do outro lado da rua.
Tasca Casa Louro
Rua de Cimo de Vila, 80 | Porto
Os presuntos de Lamego pendurados no tecto são o orgulho da Casa Louro, uma das melhores tascas do Porto. A minha recomendação é que peça uma sandes de presunto e uma malga de vinho verde de Baião para acompanhar, mas a sandes de salpicão também é uma aposta segura.
Como chegar lá: a estação de São Bento fica a 5 minutos a pé.
O Astro
Rua da Estação, 16 | Porto
Rumo agora a Campanhã, uma zona onde geralmente só vamos para apanhar um comboio. E é precisamente perto da estação de comboios de Campanhã que encontramos uma das melhores casas de bifanas no Porto.
Não se esqueça também de pedir um caldo verde com broa a acompanhar, vale a pena.
Como chegar lá: a estação de Campanhã fica a 5 minutos a pé.
Snack Bar Gazela
Tv. Cimo de Vila, 4 | Porto
Disclaimer: eu não como de cachorros quentes nem a tiro de caçadeira mas se comesse, seriam de certeza os do Gazela. Esta é das poucas tascas do Porto especializada num único prato, e ainda bem: é que os cachorrinhos da Gazela são pequenos, de pão estaladiço, salsicha fresca, queijo derretido e um delicioso molho picante.
O sucesso do Gazela é tal que abriu um novo espaço na Rua de Entreparedes, pertíssimo do espaço original onde servem não só os famosos cachorrinhos mas também francesinhas.
Como chegar lá: a estação de São Bento fica a 5 minutos a pé.
A Viela
Travessa de Miraflor, 15 | Porto
Uma das coisas que eu mais gosto nesta tasca do Porto é a existência de mesas comunitárias (acho adorável partilhar mesas com estranhos com quem possa dar duas de treta, à boa maneira portuguesa).
É uma das melhores tascas do Porto para comer bem e barato, já que uma refeição generosa, acompanhada de bebida e café, fica-se por uns modestos 6€.
Como chegar lá: a estação de Campanhã fica a 5 minutos a pé.
Casa Expresso
Praça de Carlos Alberto, 73 | Porto
Em relação à Casa Expresso é preciso referir que há duas, interligadas entre si: a Casa Expresso restaurante, e a Casa Expresso “tasca do Porto”. Em ambas será bem servido, mas aqui refiro-me apenas à Casa Expresso tasca.
Lá poderá comer uns dos melhores rojões da cidade, tripas à moda do Porto, fígado de cebolada (não resisto) e outros exemplos honestos de comida tradicional portuguesa.
Como chegar lá: a estação de metro Aliados fica a 5 minutos a pé.
Adega Alfredo Portista
Rua do Cativo, 14 | Porto
Desengane-se quem pensa que no Alfredo Portista só entram fãs do FC Porto. Muito pelo contrário: este é um dos tascos no Porto onde portistas, benfiquistas e boavisteiros convivem numa picardia saudável. E tem até uma certa piada ver alguém entrar no Alfredo Portista, onde as paredes de azulejos azuis e brancos está decorada com fotografias do FC Porto, devidamente vestido com as cores de outro clube.
No Alfredo Portista encontram os tradicionais petiscos portugueses (como os rojões, as pataniscas, os rissóis) mas eu gosto mesmo é do bacalhau frito e das petingas fritas.
Como chegar lá: a estação de São Bento fica a 5 minutos a pé.
Lareira
Rua das Oliveiras 8 | Rua Jorge Reinel 7 | Porto
A Lareira é uma daquelas tascas do Porto que combinam uma certa simplicidade, própria deste tipo de estabelecimentos, com uma sala luminosa e despojada onde apetece ficar só mais um bocadinho.
Na Lareira encontram um pouco de tudo: tábuas de enchidos e de queijos, salada de polvo, pica pau, alheiras, chanfana (a única coisa que não gosto), pataniscas e presunto, etc.
Para sobremesa tem duas sobremesas típicas de Aveiro: tripas doces e bolachas.
Como chegar lá: o Lareira existe em duas localizações, na Rua das Oliveiras (a 5 minutos a pé da estação de metro Aliados) e na Rua Jorge Reinel, perto de Serralves.
O Golfinho
Rua de Sá de Noronha, 137 | Porto
Reza a lenda que O Golfinho recusou-se a receber Anthony Bourdain, o famoso chef norte americano que “colocou o Porto no mapa gastronómico mundial” num dos episódios do seu programa televisivo Parts Unknown.
Há quem diga, até, que no Golfinho se prova uma das melhores francesinhas no Porto.
Estes dois motivos bastam para visitar esta tasca do Porto!
Como chegar lá: a estação de metro dos Aliados fica a 5 minutos a pé.
Conga
Rua do Bonjardim, 318 | Porto
A Conga quase dispensa apreciadores, bastando dizer que é a melhor tasca do Porto para comer umas bifanas bem picantes acompanhadas por uma cervejinha e umas papas de sarrabulho.
Como chegar lá: a estação de metro dos Aliados fica a 5 minutos a pé.
Escondidinho do Barredo
Rua dos Canastreiros, 28 | Porto
O nome faz mesmo jus ao espaço, uma pérola escondida no meio da Ribeira, a zona mais movimentada da cidade. Não há nenhum sinal à entrada ou uma ementa turística, e assim se mantém uma das mais antigas tascas do Porto.
Aqui encontram uns espectaculares bolinhos de bacalhau e uns rissóis de comer e chorar por mais. As sardinhas também são óptimas, quando está na altura delas.
Como chegar lá: a estação de São Bento fica a 10 minutos a pé.
Mercado Temporário do Bolhão
Rua de Fernandes Tomás, 506 / 508 | Porto
Eu escolhi o Mercado Temporário do Bolhão porque alberga quatro boas tascas do Porto: o Café da D. Dina, O Brasinhas do Bolhão, o Pintainho 36 e o Nelson dos Leitões.
À excepção do último estabelecimento, cuja especialidade é evidente pelo seu nome, em todos os restantes pode encontrar comida tradicional portuguesa a preços nada estapafúrdios, apesar da localização.
Como chegar lá: a estação de metro Bolhão é do outro lado da rua.
Badalhoca
Rua da Picaria, 26 | Porto
A Badalhoca não é apenas uma das melhores tascas do Porto mas também um dos sítios onde me divirto mais. Afinal, não é todos os dias que somos assinalados com um ribombante toque de sino quando pedimos uma garrafa de água (é a forma carinhosa d’A Badalhoca nos envergonhar em frente aos nossos amigos todos!).
Na Badalhoca encontra não só deliciosas PO (sandes de presunto e ovo) mas também outros petiscos portugueses como polvo em molho verde, pataniscas, fígado de cebolada e orelha.
Como chegar lá: a estação de metro dos Aliados fica a 5 minutos a pé.
Adega Rio Douro
Rua do Ouro, 223 | Porto
A Adega Rio Douro também é um habitué aqui no Portoalities porque, enfim, quem é que não gosta de uma tarde de fados à beira rio? Pois é: nesta tasca do Porto há festa marcada todas as terças feiras às 16h, quando se juntam fadistas improvisados, habitantes locais e turistas curiosos para ver cantar o Fado.
No entanto, a Adega Rio Douro merece uma visita em qualquer dia da semana porque tem as melhores pataniscas do Porto e o resto é conversa.
Como chegar lá: apanhe o elétrico 1 ou o autocarro 500.
Casa Guedes
Praça dos Poveiros, 130 | Porto
A Casa Guedes tem e terá sempre um lugar muito especial no meu coração porque é gerido por dois casais maravilhosos: o Sr. César e o Sr. Manuel, irmãos de sangue e companheiros de vida, e as suas esposas, Dª Albertina e Dª Augusta (também elas irmãs uma da outra – digam lá que não tem piada!).
Por isso, para mim não é apenas uma das melhores tascas do Porto mas também um sítio onde me sinto em casa.
Aqui não há como evitar as famosas sandes de pernil (receita de Baião) com um copinho de espadal. Pode pedir também um pratinho de batatas fritas a acompanhar, sem medo, porque são caseirinhas.
Há uns meses a Casa Guedes abriu parceria com sócios brasileiros proprietários de vários restaurantes no Rio de Janeiro, o que possibilitou a abertura de uma nova Casa Guedes, a alguns metros da original.
Aqui o conceito já é ligeiramente diferente, compreendendo ainda as famosas sandes de pernil mas também pratos de cozinha tradicional portuguesa e cocktails de autor.
Como chegar lá: a estação 24 Agosto fica a 5 minutos a pé.
Taberna Santo António
Rua das Virtudes, 32 | Porto
Eu estive na dúvida se incluía a Taberna de Santo António nesta lista de tascas do Porto porque, dada a sua proximidade ao miradouro das Virtudes, tornou-se uma Meca para os turistas (e eu sei que muito de vocês não acham muita graça a isso).
Mas a verdade é que a cozinha é honesta, o atendimento é franco e sorridente e não há mousse como a da Taberna de Santo António.
Nesta casa o conceito não é tanto de petiscos portugueses (embora possam pedir rissóis de polvo sem medo – são mesmo bons) mas sim de pratos principais. Todos os dias os pratos variam mas giram sempre à volta da comida tradicional portuguesa, nomeadamente bacalhau assado e vitela estufada com puré (uma maravilha).
A rematar a refeição, a tal mousse de chocolate de que já falei ou então um bolo de bolacha caseiro. De-li-ci-o-so.
Como chegar lá: a paragem de autocarros da Cordoaria fica a 10 minutos a pé.