Felizmente as pessoas já se aperceberam que o Porto não se resume à baixa e à zona da Ribeira e, pelo contrário, procuram cada vez mais alternativas fora dos habituais roteiros turísticos.
Nesse sentido, achei que faria sentido escrever sobre o que fazer na Boavista, considerada, por muitos, a zona mais corporate & da classe alta do Porto.
A vida desta zona da cidade gira à volta da Avenida da Boavista, a sua principal artéria rodoviária. Diria, até, que existem dois grandes “blocos” na Boavista: um à volta da rotunda com o mesmo nome, onde encontramos a Casa da Música, a Sinagoga do Porto e o Mercado do Bom Sucesso; e outro, mesmo no final da avenida, onde desagua o Parque da Cidade e o SEA Life Porto.
Vamos lá então descobrir o que fazer na Boavista 🙂
Visitar a Fundação de Serralves
R. Dom João de Castro, 210 | Porto
Este artigo das melhores coisas para fazer na Boavista só poderia começar pela Fundação de Serralves, um dos meus locais preferidos no Porto. O museu em si é lindíssimo (ou não tivesse sido projectado por Álvaro Siza Vieira), e costuma albergar exposições de artistas conceituados, como a pintora Paula Rego, do artista plástico Anish Kapoor ou do controverso fotógrafo Robert Mapplethorpe.
Para além disso, pode complementar a sua visita com um passeio nos lindíssimos jardins da Fundação de Serralves, pensados de forma a ter sempre alguma árvore a florir. E, já agora, não deixe de subir ao Treetop Walk, uma espécie de passadiços “suspensos” no meio das copas das árvores. É mesmo bonito, e uma das coisas mais românticas para fazer no Porto.
Eu recomendo sempre que compre o bilhete online para a Fundação de Serralves (incluindo jardins) por uma questão de comodidade, mas se estiver a contar os trocos pode ir lá no primeiro domingo de cada mês, de manhã, que é de graça. Mas prepare-se que vai estar cheeeeeeeeeio de miúdos aos gritos 😛
Como chegar lá: os autocarros 203 e 207 param mesmo em frente a Serralves.
Dar um passeio no Parque da Cidade
Avenida da Boavista | Porto
Eu demorei muuuuuuuito tempo a ir à bola com o Parque da Cidade, porque, para mim, era um parque super confuso, com demasiadas entradas, caminhos e animais à solta 😛 Contudo, reconheço que é um dos melhores jardins do Porto na medida da sua versatilidade: lá, há espaço suficiente para a realização de actividades desportivas, aulas de yoga, picnics de amigos, passeios românticos e jogging matinal. Visitar este parque é, sem dúvida, uma das melhores coisas a fazer na Boavista.
Por outro lado, aos sábados de manhã decorre um mercado biológico no Parque da Cidade (nas traseiras do restaurante Soundwich), onde encontra produtos de grande qualidade.
Para gáudio de todos (e desta vossa amiga que agora lá corre aos fins de semana), existem fontes de águas distribuídas neste parque do Porto, bem como sanitários públicos.
Como chegar lá: existem várias entradas do Parque da Cidade, todas devidamente assinaladas – eu gosto de usar a entrada da Avenida da Boavista, porque tem um estacionamento gratuito em frente.
Leve os mais pequenos a ver pinguins no SEA Life Porto
Rua Particular Nº 1, Castelo do Queijo | Porto
Tenho uma amiga minha, que foi mão há um ano e meio que, quando levou o filho pela primeira vez ao SEA Life Porto, comentou comigo: “eh pa se eu soubesse que era um espaço tão bom já lá tinha levado o miúdo – acho que vou passar a ir lá sozinha também!”. E, realmente, percebe-se a tentação: é que o SEA Life Porto, além de ser um espaço óptimo para famílias com crianças, tem também uma área exterior enorme, com bancos para as pessoas se sentarem, e com “vista” para o “lago” onde são alimentados os pinguins, para gáudio de miúdos e graúdos. Há mesmo quem me tenha dito que gostou mais do SEA Life Porto do que do Oceanário de Lisboa, precisamente por causa dessa área exterior.
Por isso, se procura algo para fazer na Boavista com crianças, aconselho vivamente o SEA Life Porto.
Se estiver um dia de sol, visite o SEA Life Porto e depois aproveite para dar uma voltinha no Parque da Cidade (tem uma entrada mesmo ao lado) ou então na praia de Matosinhos, que é mesmo em frente.
Como chegar lá: há imeeensos autocarros que param ou na rotunda do Castelo do Queijo (nomeadamente, os autocarros 200, 203, 205, 500 e 502) ou então no final da Avenida da Boavista.
Assistir a um concerto na Casa da Música
Avenida da Boavista, 604 | Porto
Subindo a Avenida da Boavista na direção do centro da cidade, encontrará a belíssima Casa da Música do seu lado esquerdo. Esta belíssima casa de concerto, por muitos acusada de ser um meteorito na Boavista (e, por isso, tão mais bela), é um dos grandes edifícios de arquitetura contemporânea no Porto. Tem três orquestras e dois coros residentes, uma programação eclética e um serviço educativo que regularmente organiza atividades para os mais novos. Por isso, se não souber o que fazer na Boavista, dirija-se à Casa da Música!
A meu ver, a melhor forma de explorar a Casa da Música é assistindo a um concerto ao vivo, mas a última vez que fui lá nesse registo (em Novembro de 2021) não me senti nada confortável, porque não verificaram os certificados de vacinação digitais (apesar de a isso serem obrigados por lei, devido à sua lotação), não medirem a temperatura à entrada, não providenciarem dispensadores de álcool gel… enfim, foi toda uma noite desconfortável, e era perfeitamente escusável.
Existe outra forma de experienciar este edifício, de forma mais ordeira e em grupos pequenos, que é fazendo uma visita guiada à Casa da Música. Eu já fiz várias vezes, com clientes, e gostei sempre muito.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 5 minutos a pé.
Passeie calmamente no Cemitério de Agramonte
Rua da Meditação, 80 | Porto
Pode parecer estranho que o escreva, mas uma das melhores formas de conhecer uma sociedade é analisando a sua forma de lidar com os mortos e o conceito de morte, em geral. Aliás, uma das coisas que sempre faço quando viajo é visitar alguns cemitérios locais, algo que me deixa profundamente introspectiva, na devida apreciação da vida e do momento. Assim, para mim (e é uma opinião muito pessoal), uma das coisas mais interessantes a fazer na Boavista é “passear” no Cemitério de Agramonte.
Este cemitério foi inaugurado em 1855, e a sua capela do cemitério foi ampliada em 1906 pelo arquiteto José Marques da Silva, belíssimo arquiteto do século XVIII / XIX que marcou profundamente o Porto, tendo desenhado, entre outras obras, a famosa estação de São Bento.
No cemitério estão sepultadas diversas personalidades, como a violoncelista Guilhermina Suggia.
Para além de ter sepulturas de António Soares dos Reis e António Teixeira Lopes, tem também um mausoléu lindíssimo dedicado às vítimas do incêndio do Teatro Bacquet. Foi construído com materiais pertencentes ao edifício do Teatro Baquet, tais como pedaços de ferro torcidos pelo fogo. É magnífico e tão profundamente esquecido.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 5 minutos a pé.
Coma umas tapas no Mercado do Bom Sucesso
Praça do Bom Sucesso, 74-90 | Porto
O Mercado do Bom Sucesso, um dos antigos mercados do Porto (de peixe, mais especificamente), é um exemplo notável de como é possível fazer a adaptação de edifícios históricos aos tempos modernos sem desvirtuar o seu passado. Hoje, em vez do pregão das peixeiras, ouve-se música ambiente e convive-se à volta das inúmeras banquinhas de comida.
As opções são imensas: desde os éclairs da Leitaria da Quinta do Paço, pizzas, poke bowls, leitão da Bairrada, vinhos a copo e cocktails, os pratos vegetarianos do daTerra, gelados da Neveiros… é tanta a variedade que é impossível não agradar mesmo ao esquisitinho do grupo.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 5 minutos a pé.
Coma uma sandocha na verdadeira Tasca da Badalhoca
Rua Dr. Alberto de Macedo, 437 | Porto
Há muito boa gente que confunde a verdadeira Tasca da Badalhoca com a Taxca, na Rua da Picaria. Contudo, os verdadeiros amantes das tascas do Porto sabem que tudo começou numa pequeníssima casinha de hobbits, pintada de vermelho, na zona da Boavista / Ramalde. Ali, no aconchego dos presuntos pendurados no tecto e do sorriso da Dª Lurdes, encontrará as melhores sandes de presunto, fígado de cebolada ou rojões da cidade toda. O resto é história.
Como chegar: apanhe o autocarro 202 e saia na paragem Alberto Macedo.
Visite o Museu do Holocausto
Rua do Campo Alegre, 790 | Porto
Estive por uma unha para não incluir o Museu do Holocausto, da Comunidade Judaica do Porto, nesta lista das melhores coisas para fazer na Boavista. É que me faz confusão abrir um museu desses num país que 1) não participou na Segunda Guerra Mundial e 2) à época, era liderado por um ditador que tudo fez para impedir a chegada de judeus a Portugal. É, na minha opinião, um museu completamente deslocado da nossa história e da nossa cultura. Há que louvar, de qualquer forma, o dinamismo da Comunidade Judaica do Porto.
Contudo, compreendo que, para quem ainda não teve a oportunidade de visitar um antigo campo de concentração, esta seja a alternativa mais próxima (e económica). Aproveite também para ver a Sinagoga do Porto – está fechada a visitas, mas é um edifício bonito.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 5 minutos a pé.
Vá ao brunch do Negra Café Boavista
Rua de 5 de Outubro, 93 | Porto
Confesso que já me passou a febre do brunch no Porto, mas gosto bastante do brunch do novo Negra Café da Boavista. O espaço é airoso, cheio de luz natural, e as funcionárias são simpatiquíssimas, apesar de estarem sempre cheias de trabalho.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 5 minutos a pé.
Curta o spa do Sheraton Porto Hotel & Spa
Diversas localizações
Se não souber o que fazer na Boavista e estiver a precisar de mimo, porque não fazer uma massagem no Sheraton Porto Hotel & Spa? Considerado um dos melhores hotéis no Porto, tem um spa onde pode disfrutar de massagens faciais e corporais, individuais ou de casal.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 15 minutos a pé.
Almoce no Goela
Avenida da BOavista, 4 | Porto
O chef João Ribeiro define a sua cozinha como “random comfort food” e é mesmo um tiro na mouche. É que raramente vi tanta criatividade num chef, que TODOS OS DIAS oferece um menú diferente, de inspiração de outros horizontes que não Portugal.
Em agosto o Goela Abaixo sofreu algumas alterações e tem agora mais espaço para receber os clientes. Na esplanada há espaço para cerca de 14 lugares, enquanto no interior há seis. Isto permite que no inverno haja um pouco mais de conforto, mas ainda há muitos detalhes que João quer melhorar.
Diariamente existem dois pratos do dia (um deles vegetariano) a 7€, sopa a 2€ e salada do dia a 1,5€. Se não lhe agradar, existem mais algumas opções na carta – se tiver sorte, encomende o arancini de tomate seco que é de estalo.
O Goela tem uma esplanada pequena (14 lugares) e meia dúzia de lugares no interior, pelo que recomendo que marque lugar. Também tem serviço de take away.
Como chegar lá: a estação de metro Casa da Música fica a 15 minutos a pé.